Psicochico - Psicoblocs no Cânion do Rio São Francisco

No fim do ano passado, troquei uns emails com a galera que escala por aqui planejando uma trip para os cânions do Rio São Francisco durante o feriado de Reis Magos. Infelizmente, por uma série de problema$$ não deu certo. Esqueci momentaneamente a idéia por conta da viagem já marcada para a Serra do Cipó durante o carnaval e eis que aparece a Red Bull promovendo um mega evento por lá, com alguns dos melhores escaladores do Brasil além dos irmãos bascos Iker e Eneko Pou.

Impossível não se impressionar com os vídeos, fotos e relatos produzidos pelo evento... Comecei então a estudar o calendário pra arrumar um feriado e descer pra lá, quando meu amigo Ary convida pra bater lá no fim de semana. Confesso que achei que não fosse valer à pena andar tanto pra escalar tão pouco tempo... Mas ainda bem que eu fui! O lugar é lindo, a escalada foi maravilhosa e o fim de semana muito divertido!

Planejamos sair de Natal às 19h, mas após um pequeno atraso (que dessa vez – por incrível que pareça – não fui eu!), eu, Ary, Leo Boulderman, Ignácio e Dudinha (PB) pegamos a estrada às 20h, 700km pela frente. BR 101 duplicada até Recife, de lá BR 232 também duplicada até Caruaru e daí pela BR 423 por Garanhuns até Delmiro Gouveia. Só na 423 há alguns trechos esburacados, mas que já estão sendo recapeados. De resto, estradão, tapete. De Delmiro Gouveia, mais vinte e poucos quilômetros até Olho d’Água do Casado.

Chegamos de madrugada, umas 4h e demos sorte de encontrar alguns moradores já acordados preparando aquela tradicional feirinha de cidade do interior. O objetivo era encontrar o Bar Show da Natureza. Após perguntar a um ou outro e bater um pouquinho a cabeça, finalmente chegamos!

Para chegar ao bar Show da Natureza, não precisa ir até Olho D’Água do Casado. Procurar pela placa depois de sair de Delmiro Gouveia, e seguir as demais placas espalhadas por mais uns 8km de estrada de barro.

Ainda estava amanhecendo quando chegamos, mas a pouca luz disponível já foi suficiente para que nos impressionássemos com as paredes dos cânions... O lugar é muito lindo, impressiona mesmo...

Fomos recebidos pelo Lourival, responsável pelo bar, trocamos umas palavrinhas, mas o sono era grande após a noite na estrada. Arranjamos um lugar pra estender os colchões e cochilamos até umas 8h. De manhã conhecemos alguns escaladores locais e uma galera que vinha de São Paulo, também para escalar.

Após o café, pegamos a lancha e começamos os trabalhos! Escalar no arenito é muito diferente... A rocha parece que vai quebrar a todo o tempo e mesmo entrando com os pés molhados dá pra escalar sem sapatear muito, a pedra absorve bem a água. Mas o mais diferente mesmo é escalar sem corda... Não tem essa de "retesa!", nem de descansar pra tentar o lance ou de voltar pra via de onde caiu... Quanto mais alto você sobe, mais alto você vai cair, e aí fica a dúvida: escala melhor quem tem a cabeça no lugar ou quem é doido do juízo?

Entramos em várias vias espalhadas em 3 setores. No primeiro deles, paredão alto, vertical, regletinhos... Entramos nas vias "Donde estás Paola" e "Em Nome de Jah".





No segundo setor a parede era bem negativa e alternava bons agarrões e monodedos e bidedos, destaque para a via "Cabra macho".



Mais tarde fomos até uma parede bem negativa com uma via em um diedro muito bonito, a "Macacheira voadora". Foi aí que aconteceram os maiores vôos do dia.



Finalizamos o dia em um outro setor com algumas linhas de boulders, um deles me chamou muito a atenção: saída com pegadas invertidas, daí para dois tridedos e finalizando em um lance explosivo num batente. Linha muito bonita, mas que ficamos devendo a cadena...



Pegamos a estrada de volta no domingo de manhã, mas já planejando a volta com mais calma e com mais tempo para aproveitar melhor o lugar. Vale muito à pena a visita! Quem ainda não foi, tá perdendo, foi uma das melhores trips de escalada que já fiz...



E vamo treinar pro campeonato!