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sábado, 7 de julho de 2012

Banho de Lua - Sítio Novo/RN

No sábado 30 de junho, repetimos a via "Banho de Lua" 4º V E3 230m, na Serra de São Pedro, em Sítio Novo. A linha havia sido conquistada em novembro de 2005 por Bernardo Collares e Mariana Candeia, e segue uma linha óbvia de fendas e canaletas montanha acima. Não temos relatos de repetições da via por outras cordadas, e acreditamos ter realizado sua primeira repetição.

Bernardo Collares, durante a conquista da via (Foto: arquivo Menger of Stone)

Bernardo Collares, durante a conquista da via (Foto: arquivo Menger of Stone)


Croqui rabiscado pelo Berna


A vontade de repetir essa via sempre foi muito grande, mas a dificuldade no acesso, as poucas informações de que dispúnhamos e a impressão de que a via era muito exposta me faziam pensar duas vezes antes de encarar essa aventura. Além disso, comecei a escalar com equipamento móvel há pouco tempo, e ainda estou aprendendo e ganhando confiança, especialmente no quesito montagem de paradas. A propósito, estou estudando esse tema a partir do livro "Climbing Anchors" de John Long, livro muito didático, com vários bons e maus exemplos de colocações, e que aborda todos os princípios de colocação de proteções móveis e naturais.

A linha da via segue pelo sistema de fendas e canaletas no centro da foto (Jalon Medeiros/Aern)


Com a proximidade do feriado de São Pedro, nada mais simbólico do que escalar a Serra de São Pedro. Lancei a ideia ao Ary, um desses caras que topa qualquer roubada, e ele não pensou duas vezes. Combinamos de nos encontrar em Serra Caiada na sexta a noite e sair no sábado de madrugada. Sabendo da roubada em que iríamos nos meter, os amigos paraibanos Stenio Torres, Wolgrand Falcão e Eduarda Araújo também aceitaram o desafio. O croqui do Bernardo falava em um jogo de friends, mas optamos por levar um jogo a mais, para garantir.

Estudando o croqui e separando o equipo na noite anterior (Foto: Dandara Queiroga/Aern)


Saímos às 4h30, encontramos com os paraibanos em Tangará às 4h45 e antes das 6h já estávamos tentando encontrar a trilha para a base da via. Com as recente chuvas, o mato estava bem fechado, oferecendo muita dificuldade na progressão...


Trilha? Que trilha? (Foto: Stenio Torres)


A primeira enfiada começa com uma fenda bem estreita, onde entraram alguns micronuts e um friend RE 0.75. Daí ela segue por um trecho bem exposto, mas que seria relativamente fácil não fosse uma lida errada no croqui. Ary seguiu pela esquerda de uma grande macambira que, por conta das chuva que haviam caído durante a semana, deixou o trecho bem molhado e escorregadio. Se tivéssemos ido pela direita da macambira, talvez não tivéssemos passado esse veneno, mas conseguimos alcançar a P1 da via, em um grampo, com um bom backup em uma fenda logo acima.


Ary iniciando a primeira enfiada (Jalon Medeiros/Aern)


Jalon Medeiros acompanhando a primeira enfiada (Foto: Eduarda Araújo)


A segunda enfiada segue um grande diedro, muito bonito de se escalar, onde entraram várias peças de todos os tamanhos. Como estávamos com uma corda de 70m, tentei passar o crux da via, uma virada numa barriguinha em aderência, pra tentar montar a parada um pouco mais acima. Porém, adrenei muito na passada, não sentia confiança na última colocação (um camalot 4 que, apesar de estar bem encaixado, ficava em um buraco que se abria para fora) e optei por descer um pouco mais e montar a P2.

A terceira enfiada vai por uma fenda em diagonal para a esquerda, mas que por estar muito suja, levou um bom tempo de "faxina". Ary guiou esse trecho e montou a P3.

Ary guiando a terceira enfiada (Jalon Medeiros/Aern)


Segui na quarta enfiada, que começa com uma viradinha boulderística já relativamente exposta, e segue por uma canaleta com poucas possibilidades de proteção. Coloquei um friend 1 depois da parada, um camalot .4 após a virada e depois disso só consegui colocar um micronut 5 em uma fenda paralela estreita. Depois dessa peça, não conseguia visualizar mais nenhuma possibilidade de colocação. Continuei subindo pela canaleta, que oferecia vários cristais projetados da parede, daqueles que pedem pra você pisar neles, mas com aquela cara de que vão quebrar... Evitei usá-los, privilegiando as aderências, e já uns 15 ou 20m acima do último micronut, visualizei o último grampo da via.

Último grampo, na quarta enfiada (Jalon Medeiros/Aern)


Daí pra cima, mais um trecho entre canaletas e aderências, bem vertical, mas sem possibilidade alguma de proteção. Na tensão da hora, procurava não pensar muito nisso, mas arrisco dizer que do grampo até a fendinha da P4 teriam uns 20 a 30m...


P4, com quatro peças equalizadas (Jalon Medeiros/Aern)

Ary concluindo a quarta enfiada

Fica então meu relato dessa escalada, e que este possa encorajar outros escaladores a repetir esta via incrível. Agradeço ao Ary e a galera da Paraíba pela parceria, ao Menger pelo apoio, incentivo e por todas as informações prestadas, e a Dandara pela ajuda na logística! Valeu galera!


3 comentários:

  1. Muito show!!! Super matéria!! 8)

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  2. Ops!!! faltou me identificar!!!

    Abraço ...



    Erikito.

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  3. Esses cabras são macho mesmo, kkkk. Muito show, parabéns a todos, ótimo relato e tenho certeza de que foi um excelente aventura.
    Só uma observação, as fotos do Berna são do meu arquivo porque ele me enviou, mas acredito que foram tiradas pela Mariana Candeia.
    Ótima herança deixada pelo cabeção pros escaladores Potiguares.
    Menger

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